O DELTEC e a Coordenação de Letras estão com chefia nova
Quarta-feira, 23 de novembro de 2022
Última modificação: Quinta-feira, 24 de novembro de 2022
Depois de dois anos, o Departamento de Linguagem e Tecnologia (Deltec) terá uma nova gestão. Após serem eleitas, as professoras Lilian Arão e Ana Elisa Ribeiro estarão na chefia, nos lugares dos professores Marcos Racilan e Antonio Braico. O mesmo acontece na coordenação de Letras. A professora Joelma continuará como coordenadora, entretanto, depois de quatro anos como coordenador-adjunto, o professor José Muniz dará espaço para a atuação da professora Mariana Cestari. Ambos os mandatos começarão em fevereiro de 2023, e terão uma duração de dois anos.
Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho e desafios nessas duas áreas, conversamos com os professores José Muniz e Marcos Racilan. Em síntese, para José Muniz o trabalho coletivo e o respeito pelas relações humanas são umas das lições mais importantes que ele tirou. Já para Racilan é importante estabelecer limites que não prejudiquem sua vida pessoal e profissional. As respostas completas podem ser vistas a seguir:
Texto produzido pela estagiária Alice, sob supervisão.
- Professor Jozé Muniz, quais as lições você tira desses quatro anos na coordenação do curso de Letras?
Uma das principais lições que eu extraí dessa experiência foi compreender o papel estratégico das coordenações de curso. Para além das tarefas administrativas cotidianas, que viabilizam o funcionamento das nossas atividades-fim, é preciso ter um olhar mais sistêmico para as mudanças que ocorrem no Ensino Superior brasileiro, na instituição, no perfil dos ingressantes, no mercado de trabalho em Letras e edição etc. É essa visão estratégica que nos permite não sermos “engolidos” pelas tarefas burocráticas do dia a dia (que tendem a ocupar a maior parte do nosso tempo e demandam muita energia) e projetar futuros mais promissores para o curso e para os nossos egressos.
Outra lição importante foi compreender ainda mais a importância do profissionalismo, do trabalho coletivo e do respeito às normas da instituição e do serviço público. Sem esses elementos, desgastam-se as relações, deterioram-se nossas condições de trabalho e perde-se de vista a função social da nossa atividade.
- Quais são os principais desafios que você, professor José Muniz, encontrou como coordenador adjunto?
O principal desafio que encontrei foi compreender o funcionamento administrativo da instituição. Eu ingressei como docente do Cefet-MG em agosto de 2018 e já no início de 2019 assumi como adjunto na gestão do prof. Luiz Henrique Oliveira. Por isso, tive de aprender rapidamente como se organizam os setores da gestão acadêmica e conhecer um conjunto numeroso e complexo de documentos normativos. Para isso, contei com a ajuda preciosa do próprio professor Luiz Henrique e também das professoras Alcione e Renata, que nos precederam na coordenação, e da nossa secretária à época, Laís Mata.
Outro desafio importante diz respeito às relações humanas. A coordenação de curso é uma das instâncias mais demandadas por docentes e discentes para resolução de dúvidas e problemas. Cada pessoa tem uma história singular dentro da instituição e uma expectativa específica com relação ao nosso trabalho, e isso faz desse contato algo muito estimulante, mas também muito árduo.
Por fim, eu destacaria os desafios que são comuns a todas as instituições públicas de ensino e pesquisa brasileiras nos últimos anos. Com os cortes orçamentários e as constantes ameaças à autonomia dessas instituições, sobretudo das federais, a coordenação também teve de lidar com um ambiente inóspito. A situação econômica do país tampouco nos favoreceu, porque prejudicou toda a comunidade acadêmica.
- Você esteve na coordenação antes, durante e depois da pandemia, professor Muniz. O que você acha que mudou no papel da coordenação de curso de lá para cá? Quais conselhos você daria para quem irá assumir a posição ao lado da Joelma, a professora Mariana?
A pandemia alterou intensamente o trabalho da coordenação em dois aspectos. Em primeiro lugar, as normas específicas do ensino remoto emergencial (ERE) nos trouxeram a necessidade de adaptar-se rapidamente e enfrentar desafios relacionados ao uso das tecnologias e à saúde mental da comunidade acadêmica. Em segundo lugar, a comunicação com docentes e discentes teve de ser aprimorada, uma vez que o contato presencial era inviável.
Com a retomada do ensino presencial, outros desafios se impuseram: o acolhimento de estudantes que haviam iniciado o curso durante o ERE; a orientação a estudantes que haviam trancado o curso e retomaram seus estudos; e a produção do novo Projeto Político-Pedagógico do curso, a ser implementado em 2023, com a grande novidade da curricularização da extensão.
De lá pra cá, outra mudança fundamental foi a criação da LED, a editora-laboratório do curso. Tive a felicidade de participar de sua implementação e tenho batalhado, junto a outros colegas da comissão editorial, para que ela seja cada vez mais reconhecida como instância fundamental da formação em Letras/Tecnologias de Edição. Espero que as novas gestões do Deltec e do curso sigam apoiando nossas atividades e nosso crescimento.
Frente a todas essas questões e ciente da competência das colegas que assumem a coordenação a partir de 2023, eu tenho certeza de que elas farão um trabalho maravilhoso. Por isso, o único conselho que eu daria a elas tem a ver com o autocuidado. As funções administrativas tomam muito do nosso tempo e da nossa energia. Então, nem sempre conseguimos nos dedicar como gostaríamos às nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão, e isso pode gerar algumas frustrações. Diretorias, chefias e coordenações nos predispõem a um enorme desgaste físico e mental. Para evitar o adoecimento, é preciso saber estabelecer os limites entre vida pessoal e vida profissional, lutar contra a precarização do nosso trabalho e insistir para que se criem condições mais favoráveis para o exercício do magistério e da gestão acadêmica.
- Quais lições você tira desses dois anos na chefia do DELTEC, professor Racilan?
Diria, talvez, a necessidade de impor limites para o que podemos dar conta de fazer em situações extraordinárias. Afinal, a gente extrapola nossos limites, muitas vezes adoece e o mundo continua girando sem a gente. Triste, mas é assim que acontece.
Outra lição diz respeito à importância de levar as coisas com leveza. O problema é fazer outros colegas perceberem essa necessidade.
- Quais são os principais desafios que você encontrou como chefe, Marcos?
Assumir a adjunção e depois a titularidade da chefia de um departamento tão grande durante a pandemia foi bem cansativo. Tivemos que fazer cursos e aprender a fazer tudo por meio dos Sistemas Integrados de Gestão (SIGAA, SIPAC, SIGRH etc.) em tempo record. A quantidade de documentos aumentou muito.
Outro desafio grande é que isso tudo aconteceu com a secretária executiva do departamento afastada para capacitação. Assim, acumulei os serviços de chefia e secretaria, impondo uma carga de trabalho incomum, que só não era maior pelo apoio da secretaria do Curso de Letras a qual se desdobrou para ajudar.
- Você esteve na chefia durante e depois da pandemia – e, como adjunto, antes da pandemia. O que você acha que mudou no papel da chefia de lá para cá? Quais conselhos você daria para quem irá assumir a posição, professor Racilan?
Com a implementação dos Sistemas Integrados de Gestão, o serviço burocrático digital aumentou bastante – muita coisa que era resolvida em reuniões presenciais ou encontros informais passaram a demandar uma movimentação enorme de memorandos, documentos, processos digitais. O tempo de exposição à tela de computador e smartphones aumentou muito, com prejuízos reais à visão, ansiedade e coisas do tipo.
Recomendo estabelecer horários racionais de trabalho para não vitimar a saúde mental e física. Isso, além de conseguir ampliar o quadro de servidores para melhor distribuir todas as funções decorrentes da virtualização e crescente burocratização dos processos.
Professor José Muniz (foto do arquivo pessoal).
Professor Marcos Racilan (foto do arquivo pessoal).