MAPA DO SITE ACESSIBILIDADE ALTO CONTRASTE
CEFET-MG

Professora do Deltec é finalista em um dos maiores prêmios da literatura do Brasil

Sábado, 14 de novembro de 2020
Última modificação: Sexta-feira, 19 de março de 2021

– Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário brasileiro concedido pela Câmara Brasileira do Livro –

Um livro que reúne poemas-verbetes que discutem, entre outras coisas, a imprecisão de qualquer dicionário, os limites da linguagem para dizer e definir as coisas. Essa é a proposta da obra “Dicionário de Imprecisões” da professora do Departamento de Linguagem e Tecnologia (Deltec) do CEFET-MG, campus Nova Suiça, Ana Elisa Ribeiro, que é uma das finalistas do 62° Prêmio Jabuti na categoria “Poesia“. O Prêmio brasileiro é um dos mais antigos e conhecidos na área da literatura e do livro, criado nos anos de 1950 pela Câmara Brasileira do Livro.

A primeira edição de “Dicionário de Imprecisões” foi lançada em 2019 pela editora Impressões de Minas de Belo Horizonte. A obra realiza críticas a questões sociais, embora de maneira sutil. “Definir é sempre difícil. Há nele três tentativas, por exemplo, de definir ‘saudade’. A faísca da ideia veio de uma conversa que tive com meu filho, o Dudu, que tem hoje 16 anos. Ele fez uma crítica aos dicionários, quando precisava consultar um e eu percebi a potência do que ele dizia. Veio a ideia total então, com título e tudo”, explica Ana Elisa.

A vida de escritora é anterior à atuação na Letras. Há mais de 20 anos exerce a função de escritora, publica desde jovem, antes mesmo da escolha da profissão. Ela acredita que isso contribui para o que propõe como professora e pesquisadora. “Muita coisa que faço na vida acadêmica está alimentada por essa energia criativa que está nos livros. Então a profissão é que é decorrência desse comprometimento com a leitura e a escrita. A loucura da vida acadêmica até torna as coisas da escritora mais difíceis… Escrever demanda tempo, tempo contínuo. Muita gente acha que a escrita literária é hobby. Não é, é profissão. É parte da profissão. Então às vezes é preciso proteger esse lado profissional das demandas aceleradas e burocráticas, por exemplo. Ser escritora demanda muita resistência”, pontua.

Ser uma das finalistas do Prêmio Jabuti representa para Ana Elisa reconhecimento e visibilidade. “Esses prêmios nem sempre são justos e quase nunca conseguem alcançar toda a diversidade da literatura de um país, mas eles têm muita importância para a formação e o desenho da literatura. É uma profissão difícil e cheia de ambiguidades”. Mesmo como uma das indicadas, não acredita que irá receber o prêmio. “Não vou ganhar o Jabuti, mas é importante para mim. Profissionalmente, significa que alguns que nunca me viram como escritora séria passarão a me ver e significa que posso ser convidada para mais oportunidades de fazer literatura e de falar dela. A poesia é um gênero de muita produção, muito concorrido, então chegar à final não é simples”, destaca.

A obra conta com a design gráfico Elza Silveira e ilustração de Wallison Gontijo. A inspiração, segundo a escritora, veio de conversas, observações, pensamento, sinapses, ou seja, é trabalho intelectual.

Vida acadêmica e a carreira de escritora

A rotina de aulas, orientações, publicação de artigos, toda demanda exigida a uma professora universitária não é obstáculo para a vida de escritora. “Sou mãe, sou dona de casa, sou filha, irmã, professora, amiga… tudo nos exige. O ser escritora nunca teve importância menor para mim. Essa conciliação é quase impossível, e isso se deve mais à falta de prestígio que essas coisas costumam ter para as pessoas do que a outras questões. Acho que as condições de professora do CEFET-MG ainda me permitem ser escritora sem ter vergonha disso, usar essa faceta em prol das demais atividades, formar outros/as escritores/as”, explica Ana Elisa.

A palavra que define para a conciliação das atividades é resistência, levando a sério a vida de escritora, “protegendo esse fazer, que demanda tempo, dedicação e concentração, protegendo-o de coisas que nos engolem o tempo todo e nos desviam de nossas ambições reais e mais fundamentais. Não acho que seja possível ter um mínimo de qualidade de vida sem atender a algum desejo realmente nosso, e não dos outros. Minha vida de escritora, então, é bastante incidental ainda, mas tenho sido firme em mostrar que minha escolha é séria e é para ser levada a sério”, afirma.

A escritora

Ana Elisa publicou o primeiro livro em 1997, mas já vinha publicando em fanzines, revistas e jornais. São mais de trinta livros, entre poesia, conto, crônica, infantis, juvenis e técnicos. Ganhou outros prêmios e editou coleções de literatura. “Sou uma pessoa que milita, que empreende e não faço jus àquela imagem geralmente equivocada do escritor de gabinete. Este ano já lancei alguns livros acadêmicos e está para sair um juvenil que já me divertiu muito e espero que faça um caminho bacana, o Romieta & Julieu (RHJ Editora). Também participo de uma coletânea importante intitulada 20 contos sobre a pandemia de 2020, recém-publicada pela Academia Mineira de Letras e pela editora Autêntica”, conclui Ana Elisa.

Coordenação de Jornalismo e Conteúdo -SECOM/CEFET-MG